Um peido. Estrondoso. Daquele tipo impossível chamar apenas de pum. Pum é delicado. Pum até Sandy solta. Já este assustou inclusive quem o produziu. As vezes fico pensando como algo tão desagradável é capaz de deixar uma pessoa mais leve.
Leve, também, é o sono de minha filha recém nascida, que dormia no quarto ao lado quando meu marido resolveu que era um bom momento para peidar no sofá. Nem ele imaginava a potência daquele estouro.
Como de costume, olhei para a telinha da babá eletrônica e lá estava ela, começando a se remexer lentamente até abrir os olhos e soltar a voz num choro agudo. Errada não estava. Quem ousou peidar daquela maneira a ponto de acordá-la de seu sono da beleza?
Respirei fundo. Encarei o meliante com um olhar fulminante. Merda. Quer dizer, antes fosse. Foi só um peido. Como é que pode?
A bichinha não acorda quando o cachorro late copiosamente, nem quando alguém resolve lacrar o portão do prédio utilizando toda a força, nem quando o vizinho acha de bom grado cortar a grama as 18 horas de um sábado, nem mesmo quando dispara algum alarme nas redondezas.
Mas é só pisar, acidentalmente, na bolinha do cachorro jogada no chão que o radar da pequena detecta o vacilo da mãe e abre o berreiro. Nessas horas as sobrancelhas se franzem, os olhos se espremem, a boca abre um sorriso quadrado e o corpo todo congela por segundos tal qual criança brincando de estátua, como se isso fizesse milagrosamente o bebê voltar a dormir.
Agora mais essa. Acordar com o barulho de um peido. Nem emburrada fiquei ao ver meu árduo trabalho de ninar se dissipar feito gás. Só me restou rir da situação inusitada.
Ao pegar minha filha nos braços não conseguia cantar para ela voltar a dormir pois estava gargalhando, aquele tipo de risada que faz refrigerante sair pelo nariz, porém muda. Já experimentou? Não recomendo. Assim como não recomendo segurar o espirro, tossir de boca fechada e trancar a respiração para não soluçar. A não ser que você esteja tentando fazer um bebê dormir. Aí vale tudo. Inclusive arriscar a própria vida se engasgando silenciosamente.
Após este fatídico dia temos uma nova regra na casa: se o bebê está dormindo é proibido falar alto, latir, pisar em bolinhas e fazer barulho com qualquer coisa que faça qualquer tipo de barulho. Resumidamente virar estátua. E todo mundo sabe que estátua não peida, por isso nem ouse.
Com esse rostinho, qualquer rabo (até de esquilo) vai cair super bem né! Lindica!!